Coxinha de farofa lapeana: Patrimônio Imaterial

Foto: Paulo Galvez

Coxinha de farofa da panificadora Zeni


Esse fim de semana eu cometi um excesso fenomenal! Me dei ao luxo de rodar 120 Km, pelo menos, só para comer a coxinha de farofa da Lapa. Desde que cheguei a Curitiba ouço falar no salgado típico, mas ainda não conhecia a cidade, localizada na região dos Campos Gerais.

A culinária histórica da Lapa, na verdade, é a comida tropeira, em referência às tropas que seguiam do Rio Grande do Sul para São Paulo, levando mulas e bois para vender. A viagem durava cerca de oito meses, então era necessário fazer paradas para que o gado pudesse descansar e engordar.

Entretanto, nos idos de 1940, numa das edições da tradicional festa de São Benedito, a visitação popular superou as expectativas e a comida não foi suficiente. Acabou o recheio do pastel, restando apenas a massa. O frango também estava praticamente no fim, mas ainda tinha bastante farofa. D. Maria da Glória Kuss, responsável pela comida da servida na festa, teve que agir rápido. Assim, ela juntou a farofa e a massa de pastel que restaram e criou uma nova iguaria, que fez sucesso de imediato. A partir de então, a coxinha de farofa virou o salgado típico da Lapa.

Outra versão diz que a coxinha de farofa nasceu das longas viagens de trem para Curitiba. Como os lapeanos eram loucos por galinha recheada com farofa, passaram a ser chamados de farofeiros. A coxinha de farofa teria sido uma solução para que os moradores da Lapa pudessem continuar comendo sua combinação preferida, sem o estigma do apelido.

O sucesso é confirmado pelas vendas. Segundo dados de publicações lapeanas, de apenas três dos principais estabelecimentos que fabricam e vendem a coxinha de farofa, saem pelo menos 2.500 unidades por dia. Isso dá mais de 75 mil coxinhas ao mês! A Padaria Zeni, a mais tradicional da cidade, vende, em média, 200 coxinhas de farofa, sem contar as mil unidades de coxinhas pequenas, por dia. Já a Panificadora Fachini vende 120 unidades diariamente. E a Casa do Pastel é responsável pela venda de 1.200 unidades.

Com tamanho sucesso, os lapeanos agora querem o tombamento imaterial da coxinha de farofa. Para isso, já existe um abaixo assinado on-line, que pode ser acessado através do www.portallapa.com.br , clicando no banner: A coxinha é nossa! “Teremos as folhas de abaixo assinados nos pontos de venda e alcançar o máximo de assinatura possível, para darmos entrada no IPHAN – Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, com o pedido do tombamento”, diz o Embaixador Honorário da Lapa, Márcio Assad.

Então, se você já comeu a famosa coxinha da Lapa, tá na hora de dar uma força e torná-la patrimônio imaterial! E para quem quiser arriscar, segue a receita tradicional.

Ingredientes
1 Kg de coxa ou peito de frango
sal a gosto
3 caldos de galinha
alho e cebola
cheiro verde
4 colheres (de sopa) de banha
2 a 3 copos de água para refogar (se necessário)
Farinha de milho tipo biju
Massa pronta de pastel

Preparo
Cozinhar o frango com sal ou com caldo de galinha. Reservar o caldo do cozimento e desfiar o frango. Em uma panela colocar a banha e refogar o alho e a cebola, juntar o frango, o caldo reservado e se necessário juntar mais um pouco de água pra refogar. Em seguida acrescente o cheiro verde e a farinha de milho biju. Misturar tudo e modelar as coxinhas com o recheio ainda quente. Em seguida cortar a massa de pastel em tamanhos suficientes para cobrir todo o recheio. Fechar bem para que o recheio não vaze e salte na hora de fritar. Depois é só fritar em óleo bem quente.

Rendimento: 50 a 60 coxinhas para festa

E quem quiser conhecer um pouco mais sobre a história da Lapa, Eesse programa, o PR-399, produzido pela TV Sinal conta um pouco da importância histórica da cidade para o nosso país.

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5 respostas para Coxinha de farofa lapeana: Patrimônio Imaterial

  1. Andrea Santos disse:

    O Cerco da Lapa não ocorreu em 09/02? Nas imagens ela informa 11/02…

    • Maria Lucia Weinhardt disse:

      Observe que foram 26 dias de cerco, não só 9/2 ou 11/2 !!
      A data mencionada de 11/2 é a da rendição da praça. Já 9/2 é a da morte do Gal. Cerneiro e, por esse motivo, convencionou-se de ser essa a data de comemoração do fato histórico.
      Ok ?

  2. carla disse:

    Gente… é realmente uma delícia!!!!!!!!!!!!

  3. Aline Tomaz disse:

    Realmente, Carla! Eu também aprovei…

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